De vez em quando, irei mergulhar nos arquivos das fotos dos últimos meses para publicar aqui alguns dos trabalhos que já levámos a cabo na mais bela e antiga casa da Entalada.
– Esse seu nome é bem curioso.
– Foi ideia do meu pai.
– Como assim?
– Repare, sou o filho mais velho, tenho uma irmã que mora ali mais acima. Mas, antes de mim, houve ainda algumas desgraças na família. Desmanchos, um nado-morto, uma irmã que apenas viveu uns dias…
– Que horror.
– Naquele tempo, era diferente, sabe… acontecia muito. E então o meu pai lembrou-se de me dar esse nome quando nasci, para ver se ia durando…
E durou. Até hoje. E Durando ficou. A construção da casa onde o Durando e a sua irmã Domitila nasceram terá sido concluída pelos avós nos finais do séc. XIX. Os pais, em meados do século passado, construíram então uma nova, mais ampla e moderna, na extrema a Norte da aldeia. Mas ambos os filhos casaram e acabariam por deixar também essa segunda habitação para morar no Mareco, que é das inverneiras que actualmente tem mais habitantes no vale Laboreiro.
Na década de 90, a primeira casa da família terá sido adquirida por um casal do Porto que iniciou o seu restauro. Temos pena de não os termos conhecido, tinham muito bom-gosto. Não apenas porque escolheram comprar aquela casa naquela aldeia, mas sobretudo porque não adulteraram a traça original (e, já agora, por terem acrescentado uma deslumbrante varanda a nascente onde se vê a encosta da Ameijoeira e a Serra Amarela no horizonte). Segundo nos contam alguns vizinhos, o casal acabaria por separar-se e o banco que lhes tinha financiado a compra acabou por ficar com o imóvel. Depois, o banco faliu e um fundo imobiliário foi criado para vender os activos da antiga instituição. Diversas pessoas terão tentado adquirir a casa nos últimos anos, mas acabaram por desistir devido ao novelo de complicações burocráticas (obras sem licença, terreno mal delimitado tanto nas Finanças como no Registo Predial, questões pendentes com a Câmara de Melgaço e o Parque Natural) que era preciso desfazer para conseguir a bendita licença de habitabilidade imprescindível para lavrar qualquer escritura. Andamos nisto há quase dois anos e só agora é que começamos a ver a luz ao fundo do túnel. Mas a casa merece.
Quando decidimos comprá-la, percebemos logo que queríamos conservar ao máximo a sua história, fosse restaurando ou emulando o que por lá havia. Um exemplo disso é o belo portão que dá acesso ao terreno das traseiras: apesar de estar em mau estado, ainda funcionava lindamente. Substituímos a madeira (pinho) por outra mais leve (casquinha), removemos a tinta velha do metal e mudámos a cor para bordô apenas porque temos visto esta cor em muitas das casas das redondezas. O restauro foi feito em Setembro e o processo envolveu quase toda a família: filhote, mãe e avós. Que as casas também servem para isso.










1 Comment