Cotos de Água Santa

Entre os os lugares míticos que vão surgindo nas conversas que temos tido nos dois últimos anos com a população castreja, os Cotos de Água Santa ocupam um lugar de destaque. Não existe propriamente uma narrativa em torno do lugar: nenhuma donzela que tenha lá recuperado algo que tivesse perdido, nada de animais selvagens que tenham lá ganho subitamente o dom da fala, nem sequer algum episódio mais prosaico que envolvesse eventuais antepassados da vizinhança. O fascínio que se tem pelo lugar, parece-me, prende-se com a sua relativa localização esdrúxula e, sobretudo, com um pequeno prodígio geológico sobre o qual plana uma superstição. Numa das cotas superiores circundantes ao Trilho do Curro da Velha, devidamente sinalizada por um marco geodésico, existe um pedregulho sob o qual a erosão formou um caprichoso buraco na laje que o sustenta. Como o sol nunca chega ali (devido à vasta sombra do pedregulho), a água da chuva e da neve que ao longo do ano se acumula no buraco evapora-se a um ritmo tão lento nos dias quentes que, segundo consta, até hoje, nunca secou. E ainda bem, pois teme-se na população o que poderá advir se algum dia isso acontecer.

Quem nos levou lá na primeira semana de Agosto foi o Carlos, o filho da nossa benfeitora Duartina, com a sua mulher Celeste e os primos Nuno e Catarina. Tudo gente boa, simpática e testemunha de que, apesar da seca severa dos últimos anos, ainda havia água no bendito buraco para garantir a santidade dos coutos. Tirando o nosso duo, toda a comitiva era nativa do Laboreiro ou tinha, no caso da Catarina, ligações familiares com o Gerês, o que deu para aprendermos imenso com eles e amealhar mais alguns trilhos na nossa algibeira de passeatas. O nosso obrigado ao quarteto.

A caminhada teve pouco mais de 5km mas é bastante técnica tanto nas subidas como nas descidas. Percurso no Garmin Connect dividido em duas partes: Pousios – Coutos de Água Santa e Coutos de Água Santa – Santuário da Peneda.

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