Nas últimas semanas, consegui finalmente (e por duas vezes) atravessar aquela que é muito provavelmente a minha zona favorita do que conheço do PNPG: o Planalto de Castro Laboreiro. Para além da fascinante necrópole megalítica, toda a zona é de uma beleza natural à qual nenhuma fotografia consegue fazer jus: é preciso estar lá e sentir nos imos da pele e da pupila o ar e a luz de uma paisagem que, não por acaso, foi escolhida há mais de dez mil anos pelos nossos antepassados para homenagear os seus mortos.
A primeira investida foi feita com um grupo alargado que, para além da canzoada (Peneda, Centeio e Gerês) e dos graúdos (Frederico, Manela e eu), incluiu igualmente os mais pequenos (Miguel, Pedro e Joãozinho). Estes últimos, em particular, foram temerários e valentes ao alcançar a nascente do Rio Laboreiro numa caminhada que chegou aos 11km.
Poucos dias depois, o Frederico e eu pegámos novamente nos cães e fizemos a correr o mesmo percurso de ida só que, em vez de regressar a Portos, prosseguimos até à belíssima aldeia do Rodeiro (onde o resto da comitiva nos foi depois buscar de carro). Pelas minhas contas, tal aventura daria algo perto dos 18km e, na verdade, não fiquei longe de acertar: eram afinal 17km (ou 16 se o percurso não incluir desvios para ir espreitar as mamoas). Cruzámo-nos com gado vasto, imensos cavalos garranos, águias e peneireiros. Todo o esforço da corrida foi compensado pela imensa alegria que sentimos por ter a sorte de percorrer o misterioso estradão de terra repleto de bifurcações para o desconhecido. O terreno é óptimo para correr e apenas os primeiros quilómetros é que sobem bastante: depois a altitude estabiliza nos 1300m antes de descer, mesmo no final, para o Rodeiro. A nascente, temos constantemente o planalto galego e, a poente, o omnipresente marco geodésico do Alto do Giestoso.
Um prodígio. A caminhar é coisa para umas 3 ou 4 horas, mas vale bem a pena.
Caminhada (Portos – Nascente do Laboreiro – Portos); corrida (Portos – Mamoas – Rodeiro); corrida (Portos – Rodeiro).
Entalados 