Obras (I-III)

Há mais de três meses que este blogue não é alimentado, mas há uma boa desculpa: obras. A um ritmo frenético. Por um lado, porque, após quase três anos de seca, parecia-nos evidente que o Inverno seria chuvoso (confirma-se); por outro, porque o empreiteiro que ia fazer as obras magoou-se (rompeu o menisco), forçando-nos a fazer a quase totalidade das obras por nossa conta e risco. Acabámos por poupar bastante dinheiro (o que nos permitiu ir mais longe no restauro) e por aprender imenso sobre construção civil. Houve momentos de quase exaustão, mas também os houve de alegria à medida que íamos concluindo, uma a uma, as divisões do raio da casa.

O relato fotográfico segue por capítulos, tipo folhetim.

Preâmbulo
No Qual Se Recorda Brevemente O Estado Original da Casa

Eram estas as fotos que existiam nos portais das diversas imobiliárias que intermediavam a venda da casa. Vimo-las pela primeira vez em Agosto de 2020. Até arrepia olhar para elas agora.

Capítulo I
No Qual A Família Passa A Poder Pernoitar Na Casa

Depois de finalizar os últimos retoques na casa-de-banho do piso de cima (construída em Agosto do ano passado como exigência da CM de Melgaço para emitir a licença de habitabilidade), a nossa prioridade em Setembro foi, por um lado, atacar os dois quartos para passarmos a poder lá dormir com um mínimo de conforto e, por outro, transformar o largo corredor que unia as três divisões numa pequena biblioteca. Foi logo aí que tivemos a noção da gigantesca tarefa que o restauro dos paredes representavam: limpar cada pedra e tapar todos os buracos com argamassa para depois envernizar tudo à mão com trinchas de 100mm. Pelas minhas contas, acabaríamos por gastar cerca de 35 litros de verniz betão da Robbialac em todas as paredes das casa e cerca de 5 litros de verniz marinho da Luxens para as traves de madeira interiores da estrutura do telhado.

Capítulo II
No Qual Se Fez Trevas & Luz

Enquanto durante a semana íamos restaurando em Canidelo alguns móveis comprados em segunda-mão, aos fins-de-semana começámos a lixar e a envernizar as gigantescas vigas de madeira da sala que estavam cobertas de uma camada de cinzas devido ao fumeiro que se devia fazer ali ao longo de décadas. Grande novidade foi igualmente a ida do electricista para acrescentar algumas tomadas e pontos de luz, assim que a chegada de um importantíssimo electrodoméstico (fogão). Como ainda estávamos em pleno Verão (saudades!) finalizávamos cada dia de empreitada com uns valentes mergulhos no Poço do Contador.

Capítulo III
No Qual Se Aprende Que Se Uma Casa Não Se Começa Pelo Telhado Convirá Que O Restauro Por Lá Se Inicie

Ai o telhado. Nos últimos dois anos, muito pensámos nós nele. Penso que foi duas ou três semanas antes da escritura da casa que o empreiteiro que se ia encarregar da obra deu cabo do joelho. Acabámos por ter muito sorte e contar com os serviços de dois vizinhos, o Manuel e o Carlos, que substituíram as telhas vetustas por novinhas que são o topo da gama do que se pode encontrar no mercado (a gama Domus da Coelha da Silva). Pode parecer um luxo, mas não é: as amplitudes térmicas da região a isso obrigam e basta ver o estado das que lá estavam para tirar as dúvidas. Ainda sobrou para nós, claro, com a pintura de chapas e postigos e ainda com a colocação de um ventoinha de extracção de ar para a casa-de-banho e respectiva chaminé. Na semana seguinte à conclusão do telhado, começou a chover. E desde então, poucos foram os dias em que a chuva não caiu. Foi quase in extremis.

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