Combinei tudo ao longo da semana. Na terça-feira, fiz o pedido à Duartina e na quarta tinha um SMS dela com o contacto do Sr. Hipólito, o especialista das tocas. Combinámos um preço (justo) e fiquei depois de confirmar se sempre iríamos a Castro no próximo fim-de-semana, pois a Manela anda sempre a arranjar desculpas para não irmos por causa do frio.
No Sábado, seguimos viagem. Na bomba de gasolina de Barcelos, liguei ao Sr. Hipólito e combinei uma hora (pelas 16h). Consegui levá-los ao planalto dando a impressão que era uma ideia deles e não minha – cheguei ao requinte de sugerir um destino alternativo (Rio de Ossos) para não levantar suspeitas. É verdade, sou mesmo muito esperto.
Também foi fácil convencê-los a arriscar um passeio na Kangoo pelo estradão (estava frio e um dia lindo) e foi com grande astúcia que, à ida, identifiquei logo nos primeiros km o lamaçal onde iria propositadamente atolar a carrinha. No regresso, não me falhou o sangue-frio e a perícia: conduzi devagar e de forma precisa sobre a zona mais movediça do lamaçal. Tive também o cuidado de acelerar bastante de forma a garantir que as rodas estavam mesmo bem soterradas e que patinariam nem que fosse o Carlos Sainz a sentar-se atrás do volante. Ainda me ri por dentro ao ver a Manela a tentar em vão tirar a Kangoo daquela armadilha por mim armada.
– Ó Manela, até costumas ter mais jeito do que eu nestas coisas!
Sou do pior.
Depois, foi apenas usar de novo os meus já conhecidos dotes dramáticos e fingir que estava preocupado. Fiz de conta que ligava à Duartina e fiz-me ao caminho, deixando os dois palermas para trás. Mal sabiam eles que atrás da primeira colina, a poucos metros dali, me aguardava o Senhor Hipólito com o seu jeep super-aquecido e que de imediato me levou para uma toca secreta ali perto, na qual viviam uma mãe raposa com as suas três crias lindas de morrer. Brinquei imenso com elas durante uma boa meia-hora, o tempo necessário para o Senhor Hipólito ir buscar o tractor e resgatar a minha família chata que, se estivesse comigo naquele momento, jamais me deixaria brincar em paz e perturbaria todos os muitos beijinhos e muitos abracinhos que dei àquelas raposinhas-bebé super-fofinhas, peludinhas e morninhas.
A minha família é mesmo palerma. E é muito fácil eu tirar proveito disso.
Ah, também tirei esta fotografia para lhes fazer inveja:
