Colmeias – VII

Temos tido umas semanas agitadas.

A primeira coisa que gostámos de fazer quando chegámos à Entalada é passar pela loja rumo ao quintal das traseiras e ver o movimento das colmeias. Há quatro semanas, apesar de estar um belo dia de Sol e ser quase meio-dia, estranhei não ver nenhuma abelha numa das colmeias (a amarela). Quando retirei a tampa, surpresa: uma grande vespa asiática no alimentador.

Conheço-as bem: aqui em Canidelo, são uma praga. Neste final de Outono, mais quente e menos chuvoso do que o habitual, elas têm andado numa grande azáfama à procura de insectos e néctares tardios para sobreviver. Em Castro, no entanto, nunca as tinha visto. Já tinha reparado em algumas armadilhas perto da vila, mas sempre pensei que fossem profiláticas. Foi assim que o Sr. António me descreveu o que o levou as montar as suas no apiário: por descargo de consciência. O ano passado, cheguei também a armar duas no carvalho por cima das colmeias, mas quando ao fim de vários meses o isco se evaporou sem qualquer vespa no interior, acabei por as retirar de vez.

O enxame da colmeia amarela tinha fugido. Matei a vespa que estava no alimentador e verifiquei que, apesar de não haver mais nenhuma no interior, os favos dos quadros não tinham mel. Quando fui espreitar as outras duas colmeias, vi de imediato mais uma vespa velutina a agarrar uma abelha em pleno voo e fui fulminado pela certeza que tudo iria rapidamente ruir como um castelo de cartas. Com a ajuda da Manela, recompus-me e passamos à acção. Fomos rapidamente à vila comprar tês garrafões de água e ingredientes para armar armadilhas: uma com vinho branco, cerveja preta e groselha; e duas com água, açúcar e fermento de padeiro (a segunda receita é, de longe, a mais eficaz). Ao fim de poucas horas, já tínhamos duas vespas nas armadilhas; no outro dia de manhã, umas cinco; na semana seguinte, eram dezenas.

Felizmente, as outras colmeias aguentaram-se e, contrariamente à amarela, nenhuma vespa entrou nos ninhos da verde e da azul. Durante a semana, pesquisei e aprendi imenso sobre a vespa velutina, a soror e carbor (esta última indígena). Revi-me no relato de apicultores desesperados e encontrei alento no de outros resolutos em salvar as suas abelhas. Entretanto, optei também por comprar estas protecções de colmeia que parecem estar a funcionar lindamente e que poderão ser decisivas dentro de alguns meses.

Este fim-de-semana não avistámos nenhuma vespa junto das colmeias. Os dois enxames já estão totalmente habituados a entrar e sair com grande agilidade pelas duas redes apertadas das protecções e, pelo menos para já, podemos respirar de alívio. Em breve, poderemos retirar as armadilhas e aproveitar o Inverno para nos prepararmos para o seu provável regresso, até porque é na Primavera que se pode apanhar e neutralizar as rainhas (uma rainha morta é um ninho a menos). Esta imagem do ICNF é bastante útil para identificar rapidamente os diferentes tipos de vespa que actualmente se podem encontrar no nosso país:

O melhor e mais informativo texto que encontrei sobre a vespa velutina pode ser lido aqui.

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