Marco geodésico de Ribeiro de Cima

Nas últimas semanas choveu imenso no Gerês. Quando para lá fomos no fim-de-semana passado, apercebemo-nos disso logo pela subida do nível da água na albufeira do Lindoso (uns 6 metros em apenas duas semanas). Em Castro, ouvia-se o ruído da água por todo o lado. O Laboreiro tinha duplicado o caudal e os ribeiros que tinham desparecido com a chegada do Verão voltavam novamente a descer pelas montes, inundando trilhos e prados.

No Domingo de manhã, aproveitámos o facto de estar um dia lindo para explorar um pouco mais o trilho onde encontramos a caveira do último post. Apesar de estar em muitos pontos alagado e coberto de urze, o trilho permite o avistamento de rochas absolutamente esplêndidas que chegam mesmo a dar a ilusão que estamos a passar por pequenas citânias de granito polidas pelo sol, a chuva e o vento. A dada altura, pareceu-nos avistar um marco geodésico, gargalo de um imaginário garrafão. À medida que nos fomos aproximando, tornava-se evidente que o ponto era, de facto, o mais elevado das redondezas (910 m segundo o Garmin Connect, uma altitude considerável tendo em conta a proximidade de duas inverneiras: a Entalada e o Mareco).

Nunca ouvimos falar deste marco e sobre ele não encontrámos qualquer informação na rede. A vista de lá é magnífica: a poente, temos o vale profundo de Ribeiro de Cima (daí termos-lhe dado esse nome) e, a sul, o Laboreiro a serpentear o sopé do Monte Quinxo. Ficámos lá sentados um bom pedaço em silêncio. Cheguei a pensar que, às tantas, seria possível polir o olhar com tamanha paisagem.