O pão da Duartina

Uma das maravilhas de Castro Laboreiro acessível a muitos poucos é o pão de centeio da nossa vizinha Duartina. Nos últimos anos, fomos já várias vezes agraciados pelas suas generosas ofertas que fizeram de nós devotos dos seus dotes panificadores. É que o raio do pão é mesmo muito bom. O aroma, a textura, o paladar: acho que não há nada que me transporta de forma tão inequívoca para o planalto castrejo e para a bondade da nossa querida benfeitora.

A semana passada, quis o acaso que quando a fomos visitar, a Duartina estivesse precisamente a terminar a cozedura do pão no seu forno a lenha. Mal abrimos a porta do anexo que o alberga, uma tormenta de fumo morno elevou-se num ápice até aos céus para dar lugar ao cheiro inconfundível da farinha de centeio acabadinha de cozer. Senti mesmo que era um privilégio podermos estar ali, tão perto do mistério da sua confecção.

Depois de provarmos um pão de centeio delicioso com sultanas, a Duartina ofereceu-nos um pão que, entre lanches, almoços e algumas partilhas, desapareceu em apenas três dias. Até migas com o pão fizemos, salteadas com grelos da nossa horta e uns ovinhos escalfados (uma absoluta delícia). Um dos meus grandes sonhos é conseguirmos reconstruir o forno de pedra que temos no quintal para lá cozer pão de centeio sob a batuta da Duartina. Há tradições e iguarias tão preciosas que seria um crime se perderem. Aqui está um belo projecto para 2025.

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