Trilho do Curro da Velha

Resolvemos passar o Domingo de Carnaval a fazer um trilho que andava a mexer com a minha curiosidade há meses: o do Curro da Velha. O circuito de 8km começa junto à M1160 e tem um ganho de 500m de altitude, englobando as inverneiras mais distantes de Castro Laboreiro: Ribeiro de Cimo, Pousios e Ribeiro de Baixo. A cota mais alta (1048m) situa-se no planalto onde são visíveis as ruínas de uma habitação abandonada (mais sobre isto à frente); e a cota mais baixa (594m) no leito do Laboreiro, numa zona onde o rio já serve de fronteira com a Galiza. 

Tivemos muita sorte com o tempo: céu praticamente limpo, temperatura amena e apenas algum vento nos pontos mais altos. É um percurso relativamente técnico, sobretudo na descida muito íngreme do planalto para Ribeiro de Baixo, mas a paisagem nunca deixa de surpreender estendendo-se da Peneda até à Serra Amarela. A previsão para fazer o trilho era de 4h30, mas fizemo-lo em menos de 3h (e não se pode dizer que andámos a correr). Começa e termina com duas valentes subidas, o que permite uma boa gestão do esforço. O nosso pequeno, como sempre, queixou-se um pouco no início, mas rapidamente se deixou conquistar pela paisagem. Um verdadeiro caminhante.

O percurso está bem sinalizado e há marcos a cada km. Atenção ao último que avisa que faltam 300m para Pousios: na realidade faltavam cerca de 1,2km (e sempre a subir). Nessa subida, vê-se uma cascata do Laboreiro que nunca tínhamos avistado antes. 

Como se pode verificar pelas fotos, todo o percurso é belíssimo. Pessoalmente, destaco o planalto (onde se situa um longo muro de pedra que é uma autêntica  obra-de-arte) e o final da descida para Ribeiro de Baixo (que desagua num vale de socalcos povoado por centenas de aves que não paravam de chilrear e que criam um flagrante contraste com o silêncio que afoga a paisagem). 

Sobre a designação do trilho, a palavra curro tem como étimo a palavra latina currus, currus (carroça) e, curiosamente, encontra-se também lexicalizada em castelhano através do português antigo côrro que é o vocábulo de onde remota o seu actual significado: habitação onde se recolhe o gado (sobretudo bovino). A palavra curral acabaria por praticamente substituir curro na nossa língua, mas nesta zona que corresponderia à antiga Galécia, tanto os portugueses como os galegos continuam a usá-la correntemente. Já agora, a história da palavra não termina aqui e, actualmente, no português do Brasil, curral significa igualmente um cercado construído para a pesca na praia. Presumo que o tal estábulo da velha são as ruínas que se avistam no ponto mais alto do trilho.

A nossa caminhada no Garmin Connect 

5 Comments

  1. Só se ama verdadeiramente aquilo por que lutamos, que construimos com pedacinhos dos nossos sonhos, dia após dia.
    Parabéns,, Professor, por tanta felicidade. Um abraço

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